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G1 e telejornais passam a divulgar dados mais detalhados sobre a pandemia de Covid-19 no Brasil

O G1 e os telejornais da Globo e da GloboNews passam a divulgar,resultado da quina do dia 02/02/16 a partir desta quinta-feira (9), dados mais detalhados sobre a pandemia de Covid-19 no Brasil. Esses indicadores v?o permitir mostrar onde as mortes causadas pelo novo coronavírus est?o aumentando, diminuindo ou estáveis.

Além dos números de casos e mortes atualizados diariamente usando os dados obtidos pelo consórcio de veículos de imprensa a partir de informa??es das secretarias estaduais de Saúde, será divulgado um indicador recomendado por especialistas e adotado por diversos veículos da imprensa internacional: a chamada média móvel.

Como os dados de Covid-19 podem ter varia??es diárias muito grandes que n?o têm rela??o com o avan?o do vírus, como atrasos nos registros, falta de testes, entre outros problemas, o novo modelo busca reduzir esses efeitos.

Média móvel

Ao adotar o critério da média móvel, os gráficos passam a mostrar o número de casos e mortes de cada dia em barras, e uma linha mostrará a média dos últimos 7 dias. Ela é móvel porque os números de um dia s?o carregados para a média seguinte, se movem.

"Se você está acompanhando o número de casos por data de notifica??o, um problema é que?parte do sobe e desce se deve a varia??es na intensidade de notifica??o", explica Paulo Inácio Prado, professor do Instituto de Biociências (IB) da USP e integrante do Observatório COVID-19 BR.

"O que a gente vê muito claramente, por exemplo, é que o número de notifica??es é menor no fim de semana. Só isso já vai fazer parecer que o vírus descansa no fim de semana. Mas é um efeito que n?o tem nada a ver com a epidemia", afirma Prado.

"Muitos laboratórios n?o funcionam nos finais de semana, as pessoas que notificam, que preenchem o sistema de informa??o eletr?nico, também n?o trabalham no final de semana e muitas fichas s?o acumuladas durante o final de semana. E, quando a gente observa ter?a, quarta-feira, tem um aumento expressivo dos casos, que é justamente esses exames que estavam acumulados", explica o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMS.

Para calcular essa média, soma-se o número de mortes ou casos nos últimos 7 dias e divide-se o resultado por 7. Por exemplo: o total de mortes no estado de S?o Paulo na primeira semana de julho foi 1.712. Dividindo por 7, chegamos ao número médio de 245 por dia nesse período.

Quando a gente acompanha a varia??o dessa média ao longo do tempo, é como se, em vez do retrato de um instante, a gente tivesse um vídeo da evolu??o da pandemia, o que ajuda a compreender melhor o comportamento da doen?a. Segundo os infectologistas, é um indicador mais fácil e mais preciso para entender os rumos da Covid-19 no país.

"A média móvel vai dar uma tendência maior, né, se esses casos est?o subindo, se est?o caindo naquela regi?o. O dado agrupado é bem mais fidedigno do que o dado diário. E a gente n?o consegue ver essa modifica??o t?o facilmente", diz o infectologista Alberto Chebabo.

Consórcio de veículos de imprensa

Os dados para o cálculo da média móvel s?o os apurados pelo consórcio de veículos de imprensa formado por G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL. Esse grupo reúne diariamente os números da doen?a nos 26 estados e no Distrito Federal, para que os brasileiros saibam, com transparência, o total de óbitos e de casos no país.

A iniciativa inédita veio como resposta à decis?o do governo Jair Bolsonaro de restringir, no início de junho, os dados sobre a pandemia da Covid-19.

Onde há alta, baixa ou estabilidade

"Essa média móvel depende do comportamento da sociedade e das medidas que os governantes tomam. Ou seja, se, de repente, eu deixo de tomar qualquer medida de preven??o, uso de máscara, higiene, eu com certeza vou aumentar a transmiss?o. Os bares que ficam lotados sem um controle adequado... vai aumentar a transmiss?o. Ent?o por isso que tem que ser acompanhado sempre; e às, vezes, n?o adianta você ver dia a dia", afirma Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da SBI.

E como saber se, num determinado estado, os números da doen?a est?o aumentando, diminuindo ou em estabilidade?

Por causa do tempo de incuba??o do novo coronavírus, os especialistas recomendam comparar a média móvel de hoje com a de 14 dias atrás. Esse é o modelo adotado, por exemplo, pelo jornal americano "The New York Times".

"A dinamica da infec??o é 5 dias de período de incuba??o, 7 dias para a pessoa procurar assistência médica. Ent?o em média de 12 a 14 dias, você pode ter varia??es importantes desde o primeiro contato", diz Julio Croda.

Segundo Alberto Chebabo, "você consegue ver os estágios diferentes de evolu??o daquela doen?a, respeitando esse período de incuba??o que é o período entre o momento em que elas se expuseram até o momento que ela come?a a desenvolver sintomas."

Nessa compara??o com a média de 14 dias atrás, os especialistas entendem que varia??es no número de mortes ou de casos de até 15% para mais ou para menos caracterizam estabilidade da doen?a nesse período.

"Quando a gente faz essa curva, a gente entende se essa curva está aumentando muito ou pouco. Se ela estiver num aumento muito importante, significa que a gente n?o tem nenhum controle da doen?a. Se a gente tem uma transmiss?o mais baixa, significa que a gente consegue ou está conseguindo controlar a doen?a", diz Otsuka.

Assim, vai ser possível identificar mais claramente os estados que est?o conseguindo combater a doen?a e também onde a pandemia está fora de controle.

"é um país continental", diz Julio Croda. "A pandemia se comporta de diferentes formas em diferentes estados e regi?o".

"Se eu estou tendo um aumento de casos, significa que vou ter que intensificar as medidas de isolamento social, né, de fechamento de comércio, por exemplo", diz Alberto Chebabo. "Se eu já come?o a ter uma redu??o e essa redu??o se mostra mantida por duas, três semanas seguidas, significa que eu posso flexibilizar e evoluir com essa flexibiliza??o".