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‘O rastreamento do cancer de próstata ainda é uma coisa extremamente controversa’, afirma oncologista

O cancer de próstata é o terceiro tipo mais comum no país,ancerdepróstataaindaécassino r segundo o relatório mais recente de Incidência de Cancer no Brasil feito pelo Instituto Nacional de Cancer (INCA). No país, a doen?a respondeu por 47 óbitos por dia em 2023, como mostra um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Entrevista: 'Muitos ainda dizem que o atendimento à distancia é desumanizado, mas n?o ter acesso à saúde é desumano', diz Ana Estela HaddadCafé torrado: 7 lotes s?o apreendidos por quest?es estranhas e impurezas; veja lista Além disso, uma proje??o publicada na revista Cancer prevê que as mortes causadas por esse tipo de cancer ter?o um salto de 136,4% em 2050. Em entrevista ao GLOBO, o médico oncologista Oren Smaletz, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein, analisa os fatores por trás desse crescimento. O especialista também aponta quais s?o os desafios para aqueles diagnosticados com a doen?a e fala sobre a polêmica do rastreamento como política de preven??o. Em outubro do ano passado, o Ministério da Saúde editou uma nota técnica assinada em conjunto com o Instituto Nacional do Cancer (INCA) que n?o recomenda o exame de antígeno prostático específico (PSA) e toque retal para a popula??o em geral, apenas para homens com sintomas ou risco elevado. Porém, entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) seguem com a recomenda??o. Como o rastreamento do cancer de próstata é feito atualmente no Brasil? Em primeiro lugar, precisamos entender quais s?o os maiores fatores de risco. O primeiro é a idade, particularmente a partir dos 60 anos. Em seguida, temos o histórico familiar. Acreditamos que mais ou menos 50% dos tumores de próstata têm algum elo hereditário. Outro fator é ser afrodescendente, pois essa parcela da popula??o tem uma chance maior de ter cancer de próstata mais agressivo, ent?o precisam fazer o rastreamento regular. Assim como sabemos que, por exemplo, a obesidade preexistente também é um fator de risco para tumores mais agressivos. Nem todas essas coisas podem ser prevenidas, ou seja, evitadas. Mas no caso da obesidade, por exemplo, podemos indicar uma boa alimenta??o. Agora, o rastreamento ainda é uma coisa extremamente controversa. Normalmente, ele é feito através do toque retal e do antígeno prostático específico (PSA), um antígeno específico da próstata. O PSA é um valor totalmente relacionado com a idade do paciente, ent?o n?o dá para ter uma mesma categoria para todos os homens que passam pelo rastreio. Além disso, qualquer altera??o na regi?o da próstata pode gerar um resultado mais alto no exame e provocar um falso positivo. O que, como consequência, gera estresse e muita ansiedade no paciente. A gente tem alguns estudos mostrando que se você fizer o exame de PSA de rotina nos pacientes a partir dos 45 anos você consegue diminuir a chance de ter um cancer de próstata mais avan?ado. Mas outros estudos contestam essa afirma??o. E também o Ministério da Saúde, em concordancia com a Organiza??o Mundial de Saúde (OMS), acaba n?o recomendando que se fa?a rastreio de cancer de próstata na popula??o. Enquanto isso, tanto a Sociedade Brasileira de Oncologia quanto a Sociedade Brasileira de Urologia falam que sim, deve ser feito o rastreio precoce. Ent?o, existe esse debate. Há um teste que n?o chegou ao Brasil chamado EpiSwitch, que combinado com o PSA, aumenta a precis?o de 55% para 94%. Ele foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) recentemente. Eu acredito que se no país tivéssemos algo assim ajudaria muito. Além da quest?o do rastreio, quais s?o os maiores gargalos na detec??o deste tipo de cancer? O preconceito é um gargalo muito grande. Principalmente com o toque retal. Mesmo sendo uma forma rápida de rastreio, que dura pouco menos de 15 segundos, muitos acreditam que est?o perdendo um pouco da sua masculinidade ao serem examinados. Outra quest?o é o medo dos homens de que uma vez diagnosticados o tratamento evolua para disfun??o erétil ou algum problema de incontinência urinária. Por isso, às vezes alguns homens preferem n?o ter o diagnóstico, mesmo que quanto mais cedo feita a detec??o, melhor. Isso tudo se junta ao que falamos antes, o Ministério da Saúde n?o recomenda enquanto as sociedades e os especialistas recomendam, ent?o surgem muitas dúvidas. Mas uma coisa a se pensar é que em rela??o à mamografia, que ganha for?a principalmente no Outubro Rosa, também existem debates sobre o verdadeiro impacto na sobrevida das mulheres, mas ainda assim elas s?o muito mais proativas em termos de preven??o. Qual seria o caminho para mudar essa resistência cultural dos homens? Acredito que os principais caminhos sejam a disponibiliza??o da informa??o e também a cria??o de um programa de rastreamento através do Sistema único de Saúde (SUS). A gente sabe que 75% da popula??o brasileira depende basicamente do SUS. Poderia existir um acompanhamento feito uma vez ao ano, pelo menos, voltado para o cancer de próstata. Eu acho que isso, pontualmente falando, funcionaria para os homens que est?o acima dos 60 anos. Até quantos anos de sobrevida os tratamentos atuais conseguem dar a um paciente com cancer de próstata? Hoje em dia, um paciente com o cancer em fase inicial e tratado com cirurgia ou radioterapia consegue uma sobrevida de 5 a 10 anos. Essa é a grande vantagem de você fazer o diagnóstico na fase mais precoce da doen?a. Contudo, por volta de 15% a 20% dos pacientes s?o diagnosticados já com a doen?a avan?ada, em fase de metástase (quando as células do tumor se desprendem do local inicial e se espalham para outras regi?es). é claro, você ainda pode curá-los, mas a chance é muito mais baixa. Ent?o se torna uma quest?o de controle da doen?a. Em alguns casos é possível fazer isso por até dez anos, mas a média é de cinco anos. Ainda assim, isso é um grande avan?o na oncologia. Porque até 30 anos atrás os pacientes metastáticos tinham uma sobrevida de apenas dois anos a três anos. Como é o acesso a essas possibilidades de tratamentos no Brasil? Infelizmente os medicamentos orais ou novos fármacos que estendem a sobrevida dos pacientes com cancer de próstata metastático ainda n?o est?o disponíveis no SUS. Isso cria uma grande lacuna entre os cuidados presentes no servi?o público e no servi?o privado no país. Um exemplo claro disso s?o os remédios hormonais. O cancer de próstata depende da testosterona, que é o grande combustível dos tumores. Um jeito de atacar a doen?a é justamente bloquear a entrada da testosterona dentro das células do cancer. Alguns fármacos desse tipo que já est?o disponíveis no sistema privado há pelo menos uns cinco anos ainda n?o chegaram ao SUS. Mas existem outros tipos de medicamentos eficazes que n?o est?o disponíveis no servi?o público atualmente. Eu acredito que nós precisamos brigar para que essas medica??es sejam disponibilizadas gratuitamente para a popula??o brasileira. Uma proje??o, publicada na revista Cancer, mostra que o cancer de próstata dará um salto e será o principal responsável pela morte de homens em 2050. O que é possível fazer hoje para reverter tal cenário? Se vermos os dados da Organiza??o Mundial da Saúde, a América do Sul vai ter o maior número de casos de cancer de próstata em 2045 e o segundo maior número de mortes, perdendo apenas para o Sudeste Asiático. Isso se dá porque, em primeiro lugar, a popula??o mundial está crescendo e além disso, a popula??o também está envelhecendo. O cancer de próstata tende a atingir idosos. Em cada país, é preciso ver as particularidades para que sejam elaborados programas e campanhas relativos às necessidades locais. E mais do que isso, é importante intensificar a detec??o precoce, refor?ar a importancia dela, principalmente para conseguirmos identificar os casos mais graves e pensar em chances de cura. No futuro, qual será o papel das novas tecnologias, como a inteligência artificial (IA), nos consultórios oncológicos e salas de cirurgia? A inteligência artificial já chegou na oncologia. Existe um programa chamado Artera Ai, que, com ele, é possível saber a partir das laminas provindas da biópsia do paciente o quanto um tumor pode se tornar agressivo e quantos tratamentos combinados precisam ser feitos. Ele é americano, ent?o você tira a foto das laminas e envia para o laboratório, que faz as fotos digitais e joga isso para o programa. Acredito que esse tipo de tecnologia vai se juntar com avan?os na medicina de precis?o e na genética. Com isso vamos poder proporcionar melhores tratamentos para os pacientes, que sejam mais eficientes e de uma maneira ainda mais personalizada. Mais recente Próxima Sexo sem tabu: conversas sobre intimidade e prazer ocupam consultórios de oncologia Cancer Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 0}.feed-post-link{ display:block;text-decoration:none}.feed-post-header{ color:#333;font:16px/20px Arial,sans-serif;letter-spacing:-.32px}.bstn-aovivo-label,.feed-post-header-chapeu{ vertical-align:middle}.bstn-aovivo-label{ 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