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Médicos n?o querem mais usar a palavra 'cancer' para alguns tipos da doen?a em fase inicial; entenda

Um diagnóstico é mais do édicosn?oqueremmaisusarapalavracancerparaalgunstiposdadoen?cassino roleta como jogarque palavras em uma página. é tudo o que vem com ele: o tom de voz do médico, um toque gentil da m?o, as pausas deixadas para que o paciente possa digerir as notícias. Todos esses detalhes sutilmente transmitem como você deve pensar sobre a notícia que acabou de receber. 'Virei o terror dos médicos': Otaviano Costa conta como a vida mudou 7 meses depois de aneurisma no cora??oCreatina: nova análise mostra as marcas aprovadas e reprovadas vendidas no Brasil; veja a lista completa Mas uma palavra diagnóstica em particular amea?a inviabilizar qualquer discuss?o racional sobre seu significado: cancer. — "Cancer" é essa palavra que causa panico. Os pacientes comparam ouvir o termo a ser atropelado por um caminh?o, como se n?o conseguissem processar nada que vem depois — afirma Laura Scherer, psicóloga social da Universidade do Colorado que estuda como os médicos comunicam riscos. Kirsten McCaffery, pesquisadora de saúde e psicóloga da Escola de Saúde Pública da Universidade de Sydney, acrescenta que o rótulo de cancer é uma espécie de bomba de ansiedade que dispara nos pacientes. é por isso que alguns oncologistas argumentam que, para certos tipos de cancer em estágio inicial que n?o correm risco de se espalhar, a profiss?o médica deveria abolir completamente a palavra. No centro do debate está o diagnóstico comum de cancer de mama DCIS, ou carcinoma ductal in situ. A frase, que descreve células cancerosas confinadas ao revestimento dos ductos de leite, presentes na mama, é um tanto paradoxal. O Instituto Nacional do Cancer define cancer como células que, se n?o forem tratadas, crescer?o descontroladamente e se espalhar?o para outras partes do corpo; "in situ", no entanto, significa limitado a um lugar. As células DCIS crescem, mas lentamente. Para a maioria dos pacientes, as células nunca se espalhar?o além de sua localiza??o original ou causar?o problemas, e podem até ser reabsorvidas pelo corpo. Para cerca de uma em cada quatro pacientes, no entanto, as células acabar?o se transformando em um cancer de mama invasivo. Movimento slow ganha for?a: entenda por que desacelerar faz bem à saúde e veja 5 dicas para aderir O diagnóstico, portanto, desafia a defini??o de cancer nos livros didáticos e pode prejudicar a compreens?o clara das mais de 50 mil pacientes que recebem o diagnóstico a cada ano. — O nome é uma relíquia de esquemas de categoriza??o anteriores que significa essencialmente n?o se preocupe, mas se preocupe — explica Ronald M. Epstein, professor de medicina no Centro Médico da Universidade de Rochester que escreve sobre comunica??o consciente na medicina. Chamar DCIS de “cancer” pode sinalizar às pacientes que elas enfrentam uma emergência médica que requer cirurgia imediata e, frequentemente, radia??o. Contudo, estudos sugerem que tais tratamentos severos podem ser desnecessários e usados ??em excesso. Resultados preliminares de um estudo com quase mil mulheres com DCIS mostraram que, dois anos após o início do estudo, pacientes que estavam sendo monitoradas ativamente n?o apresentaram uma taxa maior de cancer do que pacientes tratadas com cirurgia. Bebida com alto teor de cafeína: Jovem de 20 anos tem convuls?es e múltiplas paradas cardíacas após tomar energético para treinar — Muitos desses canceres n?o apareceram ontem, ent?o n?o s?o uma emergência. é uma emergência apenas porque você foi informado do seu diagnóstico — argumenta Laura J. Esserman, cirurgi? e oncologista do Breast Care Center da Universidade da Califórnia, em S?o Francisco, que diagnostica e trata DCIS. Para Esserman, a solu??o é simples. Dê outro nome à condi??o: células anormais, les?es de baixo grau, cancer em estágio 0, pré-cancer, um fator de risco para cancer. Renomear DCIS é um "imperativo ético", argumenta a especialista, para poupar as pacientes de ansiedade indevida e mudar o paradigma atual do tratamento de cirurgia invasiva para monitoramento ativo (às vezes com medicamentos bloqueadores de horm?nios). Este problema vai além da mama. Um punhado de outras condi??es abrange esse espa?o intermediário, incluindo canceres em estágio inicial de pulm?o, tireoide, es?fago, bexiga, colo do útero, próstata e pele. Alguns, como o cancer de próstata em estágio inicial, ainda s?o chamados de cancer. Outros já tiveram a palavra excisada de seus nomes: células cervicais anormais, por exemplo, agora s?o chamadas de displasia. — Em todos esses casos, a palavra “cancer” n?o reflete a realidade biológica. Cancer é uma praga, algo que vai crescer, tomar conta e matar você. Se a condi??o n?o for essa, ent?o o nome n?o está correto — acrescenta Esserman. Mas o cancer nunca foi apenas sobre biologia. A palavra vem carregada de séculos de bagagem de uma época em que sua express?o significava morte certa. — Quando era diagnosticado, você já estava prestes a partir — diz Howard Markel, historiador médico e professor emérito da Universidade de Michigan. Hipertens?o: médicos desmistificam mitos e recomendam o que é eficaz para reduzi-la Durante a maior parte de sua história, um diagnóstico de cancer levou ao estigma e ao paternalismo. Quando o Dr. Markel estava crescendo, ele disse que os adultos falavam em tons baixos sobre “a palavra com C”. Em 1970, quando o cancer se tornou a segunda principal causa de morte nos Estados Unidos, ele ganhou o apelido de “a doen?a terrível”. Antes de 1977 , a maioria dos médicos nem sequer contava aos pacientes que eles tinham cancer, por medo de que eles desistissem de toda a esperan?a. “Em rela??o ao cancer, o consenso de opini?o é que os pacientes sejam mantidos na ignorancia da natureza e do provável resultado da doen?a pelo maior tempo possível”, aconselha um artigo de 1898 no New York Medical Journal. Gra?as a uma revolu??o nas ferramentas de triagem e tratamentos, “cancer” agora se refere a um amplo espectro de doen?as, incluindo condi??es que nunca se espalhar?o ou causar?o danos e aquelas que agem mais como doen?as cr?nicas do que como assassinos imediatos. Mas a percep??o do público ainda n?o se atualizou. — O modelo mental que as pessoas têm do cancer é que ele cresce, se espalha e mata você. Daí o argumento para perder o nome e, com ele, as associa??es ultrapassadas de morte e desgra?a — pontua Scherer. Daí o argumento para perder o nome e, com ele, as associa??es ultrapassadas de morte e desgra?a. Chamar o DCIS de fator de risco pode descrever melhor a maneira como ele aumenta seu risco de desenvolver um cancer invasivo, ao mesmo tempo em que transmite aos pacientes que eles têm a agência para mudar seu destino. — O desafio com a palavra "cancer" é que parece que o leite já foi derramado e n?o há o que fazer — afirma Arif Kamal, oncologista e diretor de pacientes da American Cancer Association. No entanto, renomear uma condi??o porque ela soa assustadora corre o risco de parecer paternalista, segundo Shelley Hwang, oncologista cirúrgica da Duke University e autora principal do recente estudo DCIS. Usar uma palavra como "neoplasia", outro termo para tumor, sugere que os pacientes precisam ser protegidos até mesmo da ideia de cancer. — Vamos chamá-lo de palavra-código para cancer, mas os pacientes n?o ficar?o assustados porque n?o saber?o o que isso significa. é um pouco hipócrita — discorda. Também pode atrapalhar a pesquisa. à medida que surgem ferramentas de imagem que podem revelar o cancer crescendo em estágios cada vez mais precoces, os médicos passaram a acreditar que a maioria dos canceres come?a como células anormais in situ. Nesse caso, remover a palavra “cancer” dessas condi??es rompe um elo importante que ajuda os pesquisadores a entender a história natural da doen?a. — Mudar o nome completamente é muito confuso. Você precisa criar um link para todas as pesquisas anteriores e tudo o que foi escrito antes de você — destaca Hwang. As boas notícias: Há evidências de que mudar o tratamento é possível sem renomear. Mais de 60% dos pacientes com a forma de menor risco de cancer de próstata nos Estados Unidos optam por uma abordagem de observa??o e espera em vez de tratamento agressivo, o que estudos mostram ser uma "estratégia de gerenciamento oncologicamente segura". Na Suécia, mais de 90% dos pacientes escolhem essa op??o. A quest?o maior pode n?o ser se devemos renomear ou rebaixar canceres individuais, mas como reformular o significado maior da doen?a e as formas evolutivas de tratá-la. E isso exigirá que os médicos sejam atenciosos n?o apenas em como a chamam, mas em como a explicam a pacientes individuais, um de cada vez. — No fim do dia, os pacientes n?o est?o procurando rótulos. Eles est?o procurando apoio. Eles só querem saber que n?o ser?o abandonados ou menos cuidados se receberem um rótulo que soe menos amea?ador — sugere Kamal. 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